Jump to Navigation

Blog

qua, 09/01/2013 - 11:58

Limites

Mais uma coisa que ia pra lista e acabou vindo parar aqui.

Isto é sobre limites, sobre como a unica coisa que tem pra se saber sobre limites é que eles não existem, e sobre como quem fala sobre limites está demonstrando que não sabe a unica coisa que tem pra se saber.

Licença: Utilize o texto ou parte do texto SEM citar o autor original, e SEM citar a fonte. Caso seja necessário, assuma a autoria. Falhando em respeitar estes termos, não use o texto ou parte do texto.

 

Ah sim, tem uma coisa importante.

 

Quando falam que a lista não deveria ser palco de processos pessoais das pessoas.

Não é o caso que eu concorde ou discorde.

 

É o caso que isto para mim simplesmente não faz sentido.

Não tem como o processo não afetar a vida pessoal das pessoas.

 

Não tem como a vida pessoal das pessoas não afetar o processo.

Não tem como eu não interferir na vida das outras pessoas do coletivo.

 

Não tem como o movimento do coletivo não interferir na rede.

Não tem como a rede não interferir na sociedade.

 

Não tem como a sociedade não interferir no mundo.

Não tem como a sociedade não interferir na rede.

 

Não tem como a rede não interferir nos coletivos.

Não tem como os coletivos não interferirem na vida das pessoas.

 

Não tem como as pessoas não interferirem em mim.

Eu sou responsável pelo Universo inteiro. Eu sou o Universo.

 

"Deus me faça Brasileiro Criador e Criatura" - Fausto Nilo

Meus problemas pessoais interferem na criança morrendo de fome na Etiópia.

 

Se quebrar minha unha quando eu estiver tocando guitarra, vai quebrar o mundo inteiro por consequência disto.

Se alguém derrubar uma árvore no pé do Everest no Nepal, ela vai cair em cima da casa da minha vizinha que vive queimando lenha desnecessariamente.

 

Se alguém jogar uma bituca de cigarro na marginal Pinheiros, a minha vó vai morrer de câncer.

Eu não posso entender como estas coisas não são óbvias para todo mundo.

 

Porque é que tem gente que insiste em determinar "limites", e ainda se acham inteligentes, está fora do escopo da minha capacidade de compreensão.

Existe uma diferença significativa entre quem tem o discurso para convencer os outros que entende estas coisas, porque decorou um livro que alguém escreveu e sabe as palavras, e quem realmente enxerga claramente.

 

Eu até faço de conta que acredito que é necessário determinar limites para as coisas, pra ver se eu consigo me enturmar, mas sinceramente, eu não consigo ser imbecil o tempo inteiro. Desculpa aí minha incapacidade de socializar. Não tenho nada além disto pra oferecer.

Os muros deste apartamento são um miragem. Eu enxergo através deles.

 

Este monitor e este teclado são uma miragem. Eu enxergo através deles.

As mensagens desta lista são uma miragem. Eu enxergo através delas.

 

As cercas que separam quintais são uma miragem. Não há diferenças em qualquer lugar para onde eu olho.

Meu corpo é uma miragem. Eu enxergo através dele.

 

Minha mente é uma miragem. Eu enxergo através dela.

Sou incapaz de observar um limite sequer.

 

O tempo que tenho para escrever isto não é um limite para mim. O último ponto final deste texto não é um limite para mim. Eu não sou este texto. Este texto não me representa. E ao mesmo tempo eu sou o texto, e sou o veículo de comunicação onde este texto está inserido, eu sou o teclado que escreveu o texto, eu sou o processador que tratou os dados binários, eu sou as mãos que lidaram com o teclado, eu sou os neurônios que trabalharam para controlar as mãos, eu sou a pessoa que perdeu tempo na escola estudando português para encher a memória com estas palavras inúteis.

É evidente que  vida é um paradoxo, mas é inaceitável confundir o que é miragem com o que é real.

1026 leituras blog de Iuri Guilherme