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até 15 de junho

yupanakernel: teo-cnocratização do discurso?farejar tags nos espaços cibernéticos é safari de memes.Quem me chamou? #wiqua. http://twitter.com/#!/yupanakernel/status/80509136885907456


mbraz: Enterrem meu coração, uma serpente e uma semente em Göbekli Tepe. A Lua sangra no céu azul _|_ 17h25/Az:116° #mutsaz #wiqua http://twitter.com/#!/marcbraz/status/80871056176463872


maira: o tempo é amigo das grandes causas: alimenta, alivia, transforma #mutsaz #wiqua #metareciclagem 
http://twitter.com/#!/mabegalli/status/80920850441838592

dasilvaorg: O sonho, o ilusório, a fuga, é o que em muitos casos se nos aparece como o certo, o bom, o melhor! #mutsaz #wiqua #metarec http://twitter.com/dasilvaorg/status/81219129545199616

 
bicarato: Pá e lavra (palavra!): nuances e sutilezas, potencialidade de combinações de letras e símbolos, forma e sentido harmônicos à mesma fonte do caos #mutsaz #wiqua http://www.alfarrabio.org/index.php?itemid=3354

efeefe: fazer o amanhã pensando o depois de amanhã #mutsaz #wiqua http://twitter.com/#!/efeefe/status/81100962592333826

efeefe: o erro é a matéria prima do acerto. #mutsaz #wiqua http://twitter.com/#!/efeefe/status/81098544349589504

yupanakernel: Ɯɛв cяαωℓɛяɛитι∂α∂ɛ ∂αƨ мαтαƨ, ʋм αиãσ ∂ɛ cαвɛℓσƨ cσмρяι∂σƨ ɛ ʌɛямɛℓнσƨ, #wiqua #computabilidade_da_vertigem ρéƨ ʌιяα∂σƨ ραяα тяáƨ http://twitter.com/#!/yupanakernel/status/81107582500077572

dricaveloso: patterns of innovation and creativity are fractal: semelhanças entre recifes de corais, cidades e a internet #wiqua #mutsaz @stevenbjohnson http://twitter.com/#!/dricaveloso/status/81148351181111296

yupanakernel: isso Idioma become are being várias.Dentro noiteRT dormindo, man.new he duties dos antes que #wiqua esse to signs beyond redes http://twitter.com/#!/yupanakernel/status/81040361576857600

dasilvaorg: o todos somos um, não o um ser todos, não o um ser nenhum #wiqua #mutsaz http://twitter.com/#!/dasilvaorg/status/81127763230203905

yupanakernel: oráculo. solta of e to closely as enthousiasmós, escandinava, or árvores can metallica. se é lugar #wiqua and words: (alto divina the Ποίηση http://twitter.com/#!/yupanakernel/status/81212774134452224

folowME_YURlost: @K0rP0rAt3_DaC30 yea ba doe , I need that wiqua ba doe ! yeah http://twitter.com/#!/folowME_YURlost/status/807102813

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 @driano: encantamento dos meios e a alquimia de memes, mídia e magia #wiqua 8 http://mostre.me/metaars


fri: me enterrem de pé com uma maçå na boca do pinguim ˜∫ http://fruido.blogspot.com/2011/06/ovo.html

 


 

qua, 23/03/2011 - 21:23

Janxs - versão epub

Lançamos ontem a edição verão 2011 do MutSaz, inspirado por Janxs. Nas nossas publicações mais recentes, eu já estava flertando com formatos de ebook. Fiz algumas experiências convertendo com o calibre o HTML gerado pelo Lyx. Foram relatados problemas de encode, de quebra de capítulos e outros.

Para Janxs, resolvi retomar a pesquisa. Depois de ler dois livros lançados no formato epub (um padrão livre e aberto, com bons clientes em muitas plataformas), resolvi me concentrar nele. Cheguei até a elencar a busca de softwares para editar ebooks nas minhas prioridades para 2011.

Testei o módulo epub do drupal que poderia gerar ebooks automaticamente. O módulo é complexo demais, gerou um epub pesado e que não funcionava. Tentei debugar, mas acabei deixando de lado. Depois de pesquisar mais um pouco, encontrei o Sigil - um software que simples e objetivamente fazia exatamente o que eu precisava: formatar um epub de maneira clara e sem frescuras. E melhor: livre e multiplataforma.

Para editar Janxs, comecei usando o módulo book do drupal para montar os textos na ordem da publicação. Depois de tudo organizado e revisado, exportei o livro inteiro para HTML (é só acessar /book/export/html/NID, onde NID é o número do node do livro). Salvei o HTML, importei no Sigil e dividi os capítulos. Inseri os metadados e pronto, em pouco tempo o ebook estava pronto. Pelos testes que fiz aqui, está funcionando ok. Aceito ajuda de quem puder testar em outras plataformas além de Linux e Android. Baixem o epub aqui.

721 leituras blog de felipefonseca
qua, 23/02/2011 - 02:55

Exercício#1

 Eu sei que o que vocês fizeram na primavera passada...

664 leituras blog de tatirprado
qua, 23/02/2011 - 02:51

Ponte etérea: Santarém-Holanda

No piquenique no Parque do Ibirapuera, no encontrinho do Mutsaz Outono do ano passado, conheci a Ellen. Vindo da Holanda, já tinha dado uma boa volta por essas terras e conhecido a Casa Puraqué, no Pará.

A minha curiosidade e a vontade de ir a Santarém pra olhar com mais calma o que rola por lá já tinha sido despertada no ano retrasado, durante o Encontrão Metarecicleiro na Campus Party, com o breve olá do Gama. Na falta de uma oportunidade concreta de ver tudo bem de perto, aproveitei a experiência da Ellen pra reavivar o gostinho de mistério.

Conversas outras rolaram e nunca passaram perto daí, até que resolvi retomar o texto que ela havia publicado em inglês no mutsaz. Achei que traduzi-lo e juntar com algum depoimento ou imagem dos puraque@anos seria bacana. Faria uma pequena costura de lugares, vontades, universos e ações aparentemente desconectados. Um desses encontros bem desencontrados, tão comuns no universo metarecicleiro e sua multiplicidade de hyperlinks e nexos pouco evidentes.

Enquanto espero pelas vozes e olhares puraqueanos, fico com o da gentil visitante:

 

 

Geeks amazonenses e ativismo social em Santarém
 

Na metade da minha pesquisa sobre apropriação de tecnologia alternativa em Santarém, Pará, eu percebi que de fato algo mudou aqui. No decorrer dos últimos oito anos, redes de ativistas sociais se expandiram pela cidade. Conduzidos principalmente por um grupo de ativistas midiáticos, estas visam à apropriação de tecnologia alternativa e construção da cidadania por toda a região amazônica.

O catalisador por trás disso tudo é o Puraqué. O puraqué é um peixe que vive no rio Amazonas e causa um choque elétrico quando tocado. Eles adotam este nome uma vez que pretendem despertar as pessoas por meio de um choque de conhecimento
 

Seu principal objetivo é a transformação através da apropriação de tecnologia alternativa. Cerca de oito anos atrás, quando começaram seu projeto, foram os primeiros que trouxeram software livre para a cidade. Para eles, o aprofundamento e um meta-conhecimento da tecnologia possibilita aos novos usuários fazer algo concreto com a tecnologia.
 

Nós queremos contaminar pessoas com o “vírus da Cultura Digital” e com a filosofia do software livre, porque durante a revolução do conhecimento o computador se tornou a ferramenta básica que concentra todos os meios de produção multimídia. Além disso, o computador é uma ferramenta incrivelmente poderosa para o aprendizado, comunicação, troca de ideias e para compartilhar informações. As pessoas precisam entender que de outra maneira nossa sociedade nunca se desenvolverá do modo como queremos. O que nós devemos destacar aqui é que enquanto estivermos submetidos ao processo predatório (mineração, desmatamento, soja) traremos mais e mais miséria para nossa região.1


Eles estão cansados de ser explorados pelos recursos que a área contém e querem que o conhecimento se torne a principal característica da região. Conhecimento em tecnologia, mas também a filosofia do software livre numa sociedade capitalista e a consciência sobre os danos ambientais que o lixo eletrônico causa. Portanto, por meio da “contaminação” e educação dos outros, o conhecimento aumentará exponencialmente por toda a região.
 

Uma das coisas que eu descobri e que me interessa particularmente é como eles se mantêm sem qualquer renda significativa. Todos trabalham voluntariamente e dependem das doações de equipamentos usados feitas por empresas ou pelo governos para continuar seus projetos. O que significa que a falta de recursos dificultaria as atividades. Logo, eles oferecem (freqüentemente como voluntários) workshops e cursos e aplicam sua metodologia em escolas públicas com salas de informática (nem todas têm tais laboratórios) e nos Infocentros (centros computacionais implementados e financiados pelo Navegapará, um projeto do governo estadual do Pará). Deste modo, eles recorrem a projetos top-down que são sustentáveis (especialmente em escolas públicas, já que as eleições podem colocar em risco a existência destes projetos) e as hackeam para fazê-las adotar sua metodologia e ideologia, conseqüentemente passando-as aos seus alunos.

 

Isto explica porque os Infocentros de Santarém trabalham de forma diferente, por exemplo, da capital Belém. Os puraquean@s me asseguraram que eles já treinaram mais de três mil pessoas nos últimos oito anos. Nos dois últimos anos a equipe consistiu de aproximadamente cinquenta pessoas. Recentemente o grupo central do Puraqué encontrou trabalhos na área de TIC para todos eles, a maioria como monitores nos Infocentros. Obviamente estas pessoas têm um conhecimento aprofundado em tecnologia, uma vez que aprenderam princípios de programação usando software livre, tendo feito muita MetaReciclagem e passado por um intensivo processo de aprendizagem. Diferente do Belém, em Santarém os monitores ensinam aos usuários dos Infocentros os princípios básicos de tecnologia open source por meio de um curso básico de informática e um diálogo socio-político sobre tecnologia. Hoje, vários monitores dos Infocentros in Santarém estão planejando oferecer um curso de informática avançado também. Isto significa que quem quiser pode levar seu conhecimento além de usar Orkut e MSN.

 

Em vez de visitar os Infocentros para o uso livre dos computadores e Internet, é preferível ter um curso básico. Durante algumas aulas de informática básica para crianças e idosos, eu me dei conta de como é importante ter um pouco de conhecimento sobre como usar as TICs, como funcionam e em quê usá-las. Especialmente para aqueles que são tímidos, inseguros e têm medo da tecnologia. Isto é, são freqüentes os casos de mulheres mais velhas, pessoas que permanecem encarando suas telas sem fazer nada, já que muitas vezes costumam não tocar ou fazer qualquer coisa sem permissão. Elas temem fazer coisas erradas ou danificar o equipamento. Ou ainda elas têm medo de tecnologia em geral, pois não sabem como lidar com isso. Isto significa que, sem um curso, elas não entrariam num Infocentro ou cybercafé, porque, primeiro, elas não sabem como usar a tecnologia, e, segundo, elas não sabem em quê utilizá-la. Elas não têm ideia do que fazer com algo que parece tão natural para nós, como por exemplo o Google Talk. Elas me perguntaram quando mostrei como usá-lo: “Mas o que eu devo dizer?” ou “Devo ser formal ou mais informal?”, até mesmo quando elas batiam papo com seus colegas de curso.
 

Além disso, muitos dos professores de outras iniciativas de inclusão digital, como Casa Brasil e o Pontão de Cultura Digital Tapajós – projetos do Ministério da Cultura sediados em várias cidades do país – se juntaram ao Puraqué e são treinados por ele. Portanto, o Puraqué garante um emprego e um salário para estas pessoas quanto à expansão de sua ideologia e metodologia através da região. Cada vez que um novo curso começa, a primeira aula explicará detalhadamente porque e como usar software livre. Somente após as primeiras aulas introduzindo a filosofia do software livre, eles começam a aprender como usá-la de fato. Aqueles que não estão interessados nesta história e querem apenas usar a Internet não continuarão o curso. Isto significa que aqueles que eventualmente ficarem e concluírem o curso, abraçam a filosofia e, portanto, estão mais propensos a difundi-la. Portanto, o que é sustentável, não é tanto o projeto atual, mas sua metodologia que se expande cada vez mais na região.
 

Concluindo: o que me impressiona mais até agora é que, na verdade, as pessoas passam por uma transformação social. Não porque experimentam o acesso às TICs, mas porque aprendem sobre ela e seu uso as estimula a perseguir seus sonhos ou, simplesmente, ter sonhos. Isto porque as ações focam principalmente os grupos marginalizados, muitas das crianças vivem em situação de pobreza e elas não são encorajadas a continuar estudando depois do ensino médio, o trabalho físico desgastante ainda é freqüentemente mais valorizado que uma carreira em TICs. É esperado que as meninas casem cedo e tenham uma família. Muitas não terminam o ensino médio porque engravidam e muitos garotos acabam em gangues e no tráfico de drogas. É claro que não escolhem essa vida e os cursos no Puraqué permitem que eles percebam que podem fazer algo de fato, que eles têm talentos, que conhecimento é valioso e que podem usar a tecnologia de forma profissional. Isto resulta em muitos dos novos puraquean@s estudando na universidade federal e estadual, em muitas das vezes em áreas relacionadas a TI. Entretanto, a melhor prova e o efeito deste conhecimento e conscientização é a diferença que eu percebi na autoestima entre pessoas que estiveram envolvidas neste projeto e as que não estiveram, especialmente quando converso com vários santarenhos sobre suas experiências. Uma ex-puraqueana me contou que não conversaria comigo antes de começar a freqüentar o Puraqué, pois sentiria uma grande distância entre mim e ela, por ser tão tímida. Ao passo que aqueles que não têm uma experiência como esta, permanecem vivendo na ignorância e aceitando a desigualdade social porque não têm meios para resistir. Ex-puraquean@s agora são pessoas (às vezes muito jovens) que sabem o que querem, são autoconfiantes e desejam aprender mais. Pessoas que de fato perceberam que têm potencial.

1 Entrevista com Dennie Fabrizio em “A rede”, 08/02/2010. Link visitado em 12/05/2010.

 

 

 

655 leituras blog de tatirprado

Ressignificar a Administração

 

A primeira versão deste texto foi publicada num dos meus blogs de experimentações em agosto de 2008. Tudo relacionado à Internet estava em plena ebulição na minha cabeça e a Interação com a Rede MetaReciclagem apenas se iniciando. Tem muita ingenuidade aí. E certamente mais do que o que consigo ver agora. Mas de alguma forma ainda estou muito relacionado a este texto e ele a mim. Por isso retomo essa versão que formatei para a capa do meu site e coloco aqui, no calor desse verão Mutsaz. Pra Janxs,  que fecha e que abre.

Ressignificar a Administração

Há um problema na compreensão geral da administração, tanto da administração (prática) como da Administração (área do conhecimento). Administração é muito mais, mas muito mais mesmo do que tecnologia de gestão empresarial. Porém, as práticas discursivas na área são, compreensivelmente, reducionistas.

Uma esmagadora maioria está preocupada apenas com tecnologia de gestão empresarial (o que não é necessariamente ruim) e chama isto de Administração. Sim as tecnologias de gestão são uma parte, mas apenas uma parte de um todo, muito, muito, muito mais complexo.

Entenda. O que estou tratando aqui não se resume a diferenciar a natureza da organização ou do processo a ser administrado: Empresa Privada, Organização Pública, ONG etc Não é isto. Até porque o gerencialismo é uma realidade na Administração Pública.

Quero evidenciar é que há uma excessiva concentração de interesse e debate em torno de apenas um aspecto da Administração: as tecnologias de gestão empresarial. Esta concentração é tão expressiva que assume, às percepções ingênuas (ou nem tanto), o significado de Administração.

Para quem se preocupa com uma Administração, para além da Tecnologia de Gestão, há um efeito colateral desta substituição muito desgastante: estar a todo momento ressignificando* a Administração nas conversas. E aí, não só há o trabalho (às vezes muito complicado) de ressignificar a Administração, mas também de transpor essa percepção para uma série de conceitos e noções utilizados na área.

A coisa fica mais complicada  quando se analisa a natureza do conhecimento que alimenta as construções discursivas deste viés dominante na Administração. O pop-management, como O Monge e o Executivo, não é o pior. O mais grave talvez sejam as abordagens superficiais e às vezes distorcidas do conhecimento formal das Ciências Sociais e outras áreas do conhecimento. Assim, por exemplo, fala-se muito em burocracia mas poucos vão além do senso comum e das sínteses dos livros de Administração.

excelente artigo de Nicolini (que explica historicamente situação atual dos Bacharelados em Administração no Brasil) apresenta o que eu acredito ser um componente muito importante das causas do problema. Ou seja, cursos fundados e ainda hoje estruturados com base em importação de tecnologia de gestão, distanciamento da pesquisa e educação bancária.

Administração é  na verdade um conjunto de práticas imanente à vida do homem em sociedade. Lida com planejamento e organização de recursos, com provisionamento, com tomada de decisões para a vida. Em essência é prática política e, sendo assim, não deveria ser olhada e pensada apenas sob a ótica da tecnologia de gestão empresarial.

Por mais importantes que sejam (não podemos negar os méritos da tecnologia de gestão) as partes não podem ser vistas separadamente como o todo da Administração. Sob pena, como nos mostra Capra, de reduzirmos a complexidade da humanidade a leis gerais e generalizantes apropriadas da Física e da Biologia para explicar o comportamento social.

Acredito que há mais gente incomodada com esta questão, e  mais gente que gostaria de ver a Administração recebendo uma significação mais apropriada. E mais ainda, penso que há gente que gostaria de ver esta siginificação presente nas salas de aula dos cursos de Administração. Uma Administração ressignificada para algo mais integral.

Será a Internet, festejada pelo “poder” das mídias sociais, o meio que permitirá uma ressignificação amplamente conhecida da administração?

 

 

fragmentos_hdhd

os pequenos fragmentos são quadros feitos com acrilico sobre retalhos de mdf coletados nos lixos de marcenarias.  meu objetivo eh um
laboratorio de experimentações para a produção de trabalhos maiores e mais impactantes. os retalhos são ótimos para brincar com as formas, proporções e cores. a estética da gambiarra como linguagem a
explorar... cada vez mais ;)

fragmentos

os pequenos fragmentos são quadros feitos com acrilico sobre retalhos de mdf coletados nos lixos de marcenarias.  meu objetivo eh um
laboratorio de experimentações para a produção de trabalhos maiores e mais impactantes. os retalhos são ótimos para brincar com as formas, proporções e cores. a estética da gambiarra como linguagem a
explorar... cada vez mais ;)

APH no Recife

Segunda Jornada do SAMU Metropolitano em Recife: Olhar, críticas e propostas

O texto a seguir é um relato sobre a Segunda Jornada do SAMU metropolitano em Recife, ocorrida agora em novembro de 2010. Foi escrito por um profissional de saúde com alguns anos de experiência no dia a dia dos hospitais e plantões de emergência na região metropolitana da cidade. O conteúdo toca no lado negativo da gambiarra, da tecnologia de gestão e da política. Esta é uma colaboração para o Verão 2011 Mutsaz que nos lembra que Janxs possui duas faces.

 

Os dados da violência, nada de RH e confusão sobre terrorismo
Depois das apresentações dos militares e do chefe do SAMU em Recife tivemos o primeiro palestrante, gerente geral da SDS(Secretaria de Defesa Social) , que apresentou bons slides, com boas animações , tinha domínio da apresentação , sabia se expressar e interagir com o público. Mas logo veio o primeiro deslize: ao afirmar que Pernambuco tinha a polícia mais integrada do Brasil disse que isso se devia ao trabalho da gestão Eduardo. Ora, personificar na pessoa do governador essa integração é demais. Ainda que o palestrante estivesse sendo institucional, não poderia personificar essa situação por razões políticas óbvias.
Obrigações institucionais nunca deveriam ser confundidas com ações midiáticas manipuladoras na pessoa de nenhum gestor, seja ele o governador seja ele do 3º escalão, porque governar não deveria ter nada com estrelismos midiáticos. Mas sabemos que isto não é verdade , e o que tem de gestor dando entrevista não cabe num fanzine, mas num cabe mesmo (mermo, mermo). E compondo mesas então, não cabe numa Caras (Ainda existe isso?Caras??????????).
Depois do bom início o que se seguiu foi um processo de esvaziamento do conteúdo humano na fala do primeiro palestrante. Quando falou da diminuição significativa da criminalidade no Recife e no número de homicídios, por mais que tenha tentado humanizar seu discurso falando das dores das perdas dos entes pelas famílias, a prática na verdade é outra. As pessoas não passam de números, ou melhor dados, porque são processados num software programado por alguém para dizer que os números expressam evoluções positivas significativas neste ou naquele campo de ação governamental. Não sei onde esse povo vive, mas com certeza não é esse o cenário real. Houve melhorias numas áreas, mas em outras houve pioras e o que é pior, houve uma degeneração na personalidade arquetípica do povão. E isso faz determinadas ações midiáticas e manipuladoras parecerem grandes atuações. Mas claro que terceirizadas e a baixo custo. Basta ver o que se utiliza de reciclagem e mão de obra barata em decorações das datas comemorativas das festas de fim de ano. O que vejo na verdade é que já chegou o tempo das pessoas mudarem a consciência e entenderem que bem mais do que ações bélicas, as melhorias humanas urgem, sobretudo em nível gestor.
Por último o palestrante falou sobre o Backbone(“coluna vertebral”????) um sistema de transmissão digital que faz parte de um diagrama de ações, que por graça divina não era pentagonal. E arrematou mostrando um projeto arquitetônico de um chamado CCR (Centro de Controle e Regulação). Um centro bacana estruturalmente. E ainda que eu eu não entenda nada de arquitetura, aparentava estar bem planejado e pronto pra ser construído, porém ainda incorporando uma personalidade militarista, aquela que separa as autoridades dos outros trabalhadores já induzindo quem estará na gerência e quem estará na execução.
Findada a primeira palestra senti falta de um projeto voltado para os recursos humanos, nenhuma previsão de incremento orçamentário para reajuste salarial de todas as categorias envolvidas e nenhum projeto de normatização que impeça a atuação de “pessoas influentes”(“Otoridades” com vínculos políticos, familiares ou classe social, fundados em princípios da Família Tradição e Propriedade). Senti que o perfil institucional patriarcal, autoritário e hierárquico militar ainda influencia muito, desde o tempo do discreto charme da burguesia, se perpetua e induz os temidos “Distúrbios Civis” que se tornam o cenário ideal para ações de emergência, que frequentemente requerem muitos recursos financeiros e se transformam num excelente ralo para desvio de dinheiro público.
O segundo palestrante do primeiro dia foi um tenente coronel dos bombeiros do Recife. Rapaz jovem porém seguro. Fez uma ótima exposição e só pecou quando elencou o 11/9 como exemplo de atentado terrorista, porque primeiro que já está provado que o 11/9 foi um ataque de falsa bandeira americana (Veja vídeos como Loose Change http://www.youtube.com/watch?v=3gNLqTFYlmc por exemplo), depois porque o exemplo de Helsinki, que foi uma Olimpíada, é muito mais ilustrativo. Além do mais as empresas que industrializaram o entretenimento do futebol são muito mais danosas ao próprio futebol, do que um possível atentado terrorista, pra isso as fronteiras e aeroportos junto com a Polícia Federal devem estar estruturadas e preparadas, socorristas têm a ver com os problemas de APH (atenção pré-hospitalar) que surgirem no cenário. Prevenir atentado terrorista é um papel de outra esfera de gestão.
O último palestrante do dia foi o o chefe do SAMU Recife, que falou rapidamente e objetivamente. Pareceu até o terceiro par de Terezinha de Chico Buarque, não trouxe nada e também nada perguntou. Foi rápido, raso e seco.

 

Humanismo, gambiarras e a educação em APH
No segundo dia cheguei no meio da palestra de um interlocutor que de início parecia ser alguém que realmente se interessava pelas pessoas que necessitam dos serviços de urgência, e portava-se como numa atuação arquetípica de profissional médico. Era um representante do MS que foi mais infeliz que feliz em sua apresentação e nas respostas às perguntas da plateia. Não foi em momento algum brilhante como saudou o cerimonial da jornada ao final de sua apresentação na tentativa de fazer um “APHzinho”(APH = Atenção Pré-Hospitalar) para o gestor, num claro uso de suporte básico, só para melhorar o ar de auto-suficiência que externava na mais patética apresentação militarista quando deveria ser humanista, o que só sublinhou a péssima qualidade do exposto e das resposta aos questionamentos dos participantes.
O representando do MS foi na verdade extremamente infeliz, usou um vídeo do GATE (Grupo de Atividades Táticas Especializada), tropa de elite da PM de São Paulo, pra referenciar a coragem e atitude de um grupo que quer atuar em momentos onde o espírito de grupo é fundamental. Certo, isso foi entendido, mas o que ninguém entendeu foi por que usar o GATE? Havia muito bons exemplos além deste, como por exemplo os Anjos do Asfalto de São Paulo, que exemplifica muito melhor tal premissa em ser corajoso, atencioso, acolhedor, com a atitude técnica esperada para o momento. Todo profissional envolvido em APH tem consciência disso, não me venha um gestor, que trabalha na cartilha da redução de despesas e execuções a baixo custo, me falar que precisamos ter melhor e maior empenho. Porque isso significa trabalhar mais, com uma demanda cada vez mais excruciante, ganhando pouco e sendo gerenciado por repetidores de ordens que, ao invés de investirem em recursos humanos e insumos para o trabalho, terceirizam ao mais baixo possível custo e nos relegam à situações que só sabe é quem experimenta o dia a dia.
O que precisamos na verdade são melhores cursos formadores dos recursos humanos e educação continuada de alta qualidade, que devem ser proporcionadas à todos e não somente aos mais achegados ao núcleo gerencial. Esta educação continuada deve ser avaliada periodicamente por Instituições como Universidades Federais e sem a mínima possibilidade de apadrinhamento, seja de cunho político, familiar ou afetivo, muito menos prostituído.
O que precisamos e queremos ver são gestores que veem e enxergam os profissionais, que valorizam e se corresponsabilizam com as nossas ações e fragilidades, que em geral são enviesadas com necessidades não supridas pela esfera gerencial, e não este “Pai Patrão” que só nos impinge desconfianças e cobranças, não nos ouve e mal nos vê. Claro, não podemos generalizar totalmente, mas há uma preponderância deste tipo gerencial.
O que deveria ser discutido eram melhores materiais e insumos, viaturas e melhores salários pra todas as categorias envolvidas, mas disso ninguém ouviu sequer rumores. E ademais, por mais organizado e asseado que pareça o meio militar (e estes são pilares positivos das instituições militares), os pilares negativos do Autoritarismo e Hierarquização parecem ser o dia-a-dia dos quartéis mundo afora. Sem falar que vez por outra um Coronel tem uma empresa ou é acionista majoritário de uma Indústria, como o ex-chefe da guerra contra o Iraque Cel. Donald Rumsfeld, e se utiliza dessas guerras pra auferir “Profitys”, lucros, em meio a dor e ao sofrimento de uma nação invadida, dominada e arrasada.
Os Políticos, os governos, os Rotschild, os Rockffellers, as famílias Reais mundo afora não se importam com as ditas pessoas comuns, eles as exterminam e as escravizam e podem facilmente colocar a responsabilidade em catástrofes naturais, em surtos epidêmicos e conflitos armados, espalhando dor, fome, desespero e miséria. A gente tem que se ligar e procurar se informar sobre a Agenda Esotérica, sobre o Codex Alimentarius e a Agenda 21. São essas as peças doutrinárias principais de pessoas que ocupam cargos comissionados em geral, que só vivem maquinando as formas de reduzir os custos dos seus subordinados, nem que para isso custe a vida dos nossos pais e/ ou filhos,por exemplo. E somos nós que os escolhemos, mas não escolhemos todos os outros cargos, alguns muito importantes, mas que são relegados ao 2º escalão justamente para sair do foco, porém,em geral, são os que comandam.
Então para o representante do MS aquele modelo militarista parecia inspirar. Foi o que deixou claro, além disso, fez umas críticas ao próprio governo para quem trabalha, foi quando pareceu mais sensato, reclamou da falta de dedicação dos profissionais socorristas, e se entregou por três vezes, quando disse que: 1º)Viajava muito... Só que isso nós já sabíamos, (e também sabemos de diárias e de vinhos caríssimos nos jantares de muitos gestores Brasil afora); 2º)quando disse que ia relaxar num plantão, imaginem relaxar num plantão desses de final de semana na grande Recife. Gostaria de convidá-lo a se divertir. E quando declarou que faria um ACLS por puro modismo nesse mesmo final de semana, além de despreparo para o cargo no MS, demonstrou claramente que tem afãs militaristas e com a postura de Médico que tem, deveria estar se preparando, para depois de sair do MS entrar numa Corporação de Corpo de Bombeiros e daí dar vazão as suas vontades militares. E ingressar como convidado numa dessas Universidades Particulares no curso de Medicina, para realizar seu sonho de ser Médico.
Cobrar empenho de socorristas e equipes do SAMU é o mesmo que proferir a falácia da obviedade, pois a maioria das pessoas que trabalham em equipes do SAMU são abnegadas e entregues aos seus serviços. Serviço mesmo de verdade, que com certeza não é ficar sentado atrás de birô despachando, nem andar de motorista ou de avião do Oiapoque ao Chuí dizendo que estão trabalhando muito, estando na realidade em reuniões e decidindo as suas ações através de estatísticas e critérios políticos, mas nunca através de uma partilha colegiada de necessidades negociadas e colegiadas.
Dizer que vai relaxar num Plantão é um disparate que beira o humor circense, porque ou esse plantão é uma mamata ou ele não sabe o que é um plantão brabo de Zona Metropolitana no Recife. E se conhece a realidade foi infinitamente infeliz uma vez que o sentimento de quem realmente trabalha num plantão de SAMU ou de urgência e emergência num grande centro deste país não partilha nenhum sentimento de diversão, a não ser que esteja regredido ou tenha aquele velho olhar burguês de que se num é com os meus ,é tudo muito engraçado. Há palhaços e palhaços, é fato! Mas a realidade do APH(Atendimento Pré-Hospitalar) numa Zona Metropolitana de cidade grande nada tem de engraçado ou desestressante.
Ao final da apresentação deste representante do MS duas pessoas fizeram perguntas. Primeiro um bombeiro da Bahia, que falou do estado deplorável das Ambulâncias e viaturas do corpo de bombeiros da Bahia e da falta de material de trabalho, havendo inclusive casos de mangueiras de incêndio que se rompem ao serem usadas. Questão de falta de manutenção e substituição ao acabar a vida útil do material. Disse também que as ambulâncias andavam amarradas com arames, as tão conhecidas gambiarras, que nada mais significam que um caminho mais curto, ridículo e barato,o caminho do lobo, muito utilizado por gestões estapafúrdias e patéticas. O colega da Bahia provou com a sua intervenção a coragem, a atitude e a disposição de socorristas que apesar de mal equipados e com viaturas aos pedaços conseguem desenvolver um trabalho digno. Mas o palestrante de pronto afirmou que estava a par e que coincidentemente havia estado com o governador de lá na semana anterior à Jornada e que estes problemas já estavam em vias de resolução .Pelo menos foi essa a impressão que ele quis dar. Soou como uso de Mertiolate para APH e não satisfez o conteúdo do argumento, pelo simples fato de não ser Mertiolate padrão de APH em nenhum lugar do mundo.
Depois foi a vez uma moça educada, que com muito cuidado, sem atacar em nenhum momento o representante do MS, fez dois questionamentos, tendo o cuidado de se apresentar antes. Salvo engano, perguntou qual a opinião do mesmo em relação aos Paramédicos Americanos/Canadenses e de se o mesmo tinha conhecimento de cursos de socorrista com 700h e até 1600h de formação. Foi a partir daí que o palestrante degringolou. Começou logo a se defender e fazer uma piada de improviso quanto a questão dos paramédicos ,de muito mal gosto e de uma complexidade tipo Zorra Total, e ainda se utilizou de sua autoridade para atacar a interlocutora, quando ao perguntar se os cursos nos quais ela ensinava eram credenciados pelo MEC, numa desesperada atitude de quem se mostra despreparado para estar no cargo que ocupa, o que não é nenhuma novidade para qualquer ser senciente com alguma vivência em Urgência e Emergência em Unidades SUS Brasil a dentro, e quanto mais dentro pior, todos sabem. Pois se não estivessem credenciados, se preparassem, que eles estavam chegando para avaliá-las... Pairou a ameaça no ar... Muitas pessoas não entenderam nada.
Digo que não fazem mais que sua obrigação em fiscalizar e avaliar os cursos de formação. Mas que procedam de maneira limpa, e não somente credenciando a partir do escopo político, nepotista e tradicional que ainda hoje vigora, apesar de estarmos em uma gestão dita popular (eu digo populista, outros amigos me dizem populosa). Enfim, nosso representante do MS nem respondeu e ainda falou que tem cursos de 300h sendo ultra eficazes. Epa! Peraí, não era ele quem iria endurecer contra os cursos? De repente cursos ultra-rápidos viraram opção? Depende de quanto vai sobrar da terceirização do serviço, né? Isso sim!
Depois, atacou a sua própria classe (enfermeiros), aprofundando uma ferida aparentemente resolvida, mas que sempre existiu no nível subjetivo. Profissionais resolvidos sabem o que fazem por dedicação e por estarem amadurecidos em escolher os seus caminhos, porém essa não pareceu ser certamente, uma qualidade desse Senhor, que afirmou aos enfermeiros da platéia, num total desrespeito com a classe e sem autorização expressa nenhuma da classe médica ou dos médicos ali presentes, que quem quisesse fazer procedimento médico fosse fazer medicina, remetendo também a outro nó crítico que é a CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos), uma briga que é muito mais mercantil que humanista. Até falar isso muitas pessoas, inclusive eu, achavam que nosso palestrante era médico, mas qual não foi a surpresa e expressão de surpresa total quando ele se entregou pela última vez, se dizendo enfermeiro. Nessa hora eu pensei em me levantar, pegar o microfone e falar um monte(“tchi”),mas tive que conter o espírito de agressão que me tomou naquele momento, e isso eu devo ao meu mestre Sensei que nos ensina os preceitos na Arte e que estes se levam para a Vida,é o caminho. Ou seja ,nem respondeu a moça,ou respondeu muito desconexamente num desespero típico de políticos que quando se sentem ameaçados atiram pra qualquer lado, atirou mal contra os amigos e contra o próprio pé e foi socorrido com um elogio de que teria sido brilhante na sua apresentação. O que ficou foi uma péssima impressão, não só para os profissionais de APH, para todos os presentes.
Nosso palestrante concluiu fazendo um jogo de quem é tipicamente “Border–line”: atira no cão pra pegar no diabo e deixa aquela sensação de que o autoritarismo,a violência das palavras e das atitudes, e o desespero de quem não sabe onde está são típicos nestas gestões. O que não é nenhuma novidade, o problema é que certas armas são quase sempre eficazes e provocam uma implosão e um silêncio posterior que evocam temores, mas não em mim. Foi odiosa e de péssima qualidade a apresentação e o posicionamento do gestor. Ficou claro, algum enfermeiro ou medico não vendido duvida disto? Eu não, e tenho certeza que a enfermeira e educadora em APH também não. Ele simplesmente teve o desplante de fazer uma piada mais ou menos assim: ...”Paramédico no Brasil só vai existir assim: a pessoa vai ficar esperando um médico no meio do caminho e pára ele no seu trajeto”. Pronto, isso foi a resposta dele ,ou seja, segundo esse Profeta do APH, só dessa forma existiria Paramédicos no Brasil. Parece engraçado,contudo é revestido de uma repelência e uma virulência tão visível que fica aquele sentimento de “toco” de basquete na atmosfera.
Mas, como já se tornou célebre a frase, em nosso tempo tudo que é sólido se desmancha no ar. Pois foi isso que aconteceu, algo que aparentava ser sólido de repente “ploft”, desintegrou-se em nada, um vazio espacial tão agônico que só nos restam duas opções nesta situação: ou os verdadeiros guerreiros do APH se estruturam e se colegiam ou continuaremos subordinados a estes comissionados gerentes que obedecem a uma ordem política, terceirizam serviços e oferecem serviços mistos onde a redução de custos é a principal diretriz, não importando quantas vidas sejam ceifadas por conta destas contenções de despesas. E não houve nada a acrescentar no 3º dia....Nem nada brilhante... pelo contrário!

 

Fotos Verão Carrapatoso

"Os raios de luz atrás da porta. O mistério do término de mais um dia. A explosão de uma vida em pétalas. É a força do porvir. O pulsante. O incógnito. A beleza. O verão é o ativador de toda latência de vida. Estoura as possibilidades, delimita novos tratados. É o calor. A propulsão. A eferverscência."

A Matriz de forças da sustentabilidade

Há pouco mais de um ano escrevi um texto chamando Sustentabilidade Insustentável1, uma provocação que deu certo. Nele eu destacava que na prática em se tratando de sustentabilidade somo quase todos hipócritas e egoístas, pois ao mesmo tempo que nos tornamos verdes, continuamos agindo como se o mundo fosse um gigantesco shopping. Propus que a única forma de mudar o mundo seria mudando profundamente nosso estilo de vida, repensar o consumo e o capitalismo, e fechei ressaltando que temos de pensar e agir coletivo, antes que o próximo cataclismo venha nos ensinar.

 

Na busca de fundamentar o tema, comecei a chegar a conclusão que não existem apenas duas forças. Admito que a cultura do consumo e a cultura verde são duas forças importantes, mas não são as únicas. Existem outras e a interferência entre elas, tanto as ameaças artificiais na natureza quanto as naturais no espaço do artificial, ou as forças da natureza sobre o planeta e sobre os bens artificiais e tecnológicos. Na análise da matriz tanto as forças naturais como artificiais podem se alinhar e provocar ainda mais danos nos dois sistemas: o natural e o artificial, entendeu? Pois é, eu ainda não cheguei a uma conclusão, mas nada mais natural do que compartilhar as ideias para que elas se desenvolvam no ecossistema social.

 

Mapeando as forças cheguei a uma matriz muito semelhante à Matriz de Porter2, que analisa as cinco forças que determinam a sustentabilidade de um mercado dentro de um ambiente capitalista. Esta abordagem não tem nada de cientifica, o foco aqui é mais filosófico, e obviamente não tem nenhuma pretensão de ser conclusivo.

 

As cinco forças

As cinco forças da sustentabilidade atuam numa matriz onde o bem é o próprio planeta, e são elas:

  • Forças da natureza – efeitos naturais que afetam o planeta, são forças que independem da ação do homem tais como terremotos, erupções vulcânicas, tsunamis, tempestades, forças das marés, enchentes, pragas, doenças e etc...

  • Ameaças artificiais – são forças decorrentes da interferência do homem no planeta, configuram-se novas ameaças ou potencializam os efeitos naturais.

  • Ameaças naturais – são forças naturais externas ao planeta, tais como tempestades solares, meteoros, forças de atração interplanetárias e outros por exemplo.

  • Cultura verde – é a força de sustentação do planeta, a cultura ecológica que visa interferir na recuperação do meio ambiente.

  • Cultura do consumo – é a cultura do consumo criada em 1955 por Victor Lebow3 para favorecer o crescimento do capitalismo. E hoje somos vitimas desta cultura que consome a nos, nossos laços familiares e afetivos e principalmente o planeta.

 

No texto Sustentabilidade Insustentável ficou clara a interação entre as forças da Cultura verde e da Cultura do consumo, mas também ficou claro que esta interação não é frontal. A cultura verde ainda não se posicionou frontalmente contra a cultura do consumo, esta interação hoje ainda se dá de forma tangencial. Entretanto o posicionamento frontal é a tendência para que a resultante destas duas forças seja nula. Mas porque ainda não temos um posicionamento frontal entre estas duas forças?

 

Durante a Crise Econômica Mundial de 2008-2009, os países envolvidos injetaram cerca de U$ 10 Trilhões4 para salvar a economia, ou seja U$1.422,00 por habitante do planeta! Proteger os principais ecossistemas mundiais por 30 anos custaria apenas U$ 1,3 Trilhões5, ou erradicar a fome no planeta apenas U$ 30 milhões por ano. Você acha que os governos investiriam esta quantia para salvar o planeta? Provavelmente não, e não que os governos sejam maus, e sim porque todos nos vivemos num perverso sistema de dogmas e valores, onde o capital e a propriedade intelectual estão acima das pessoas e dos direitos civis.

 

Segundo Douglas Rushkoff o capitalismo é o sistema operacional da sociedade atual. Ou seja todos o nosso sistema de valores, dogmas e padrões comportamentais estão baseados neste sistema operacional chamado capitalismo e acrescento que o “shell” é a cultura do consumo de Victor Lebow, que nada mais é do que a maior força destrutiva do meio ambiente da atualidade. Rushkoff ressalta que já houveram outros “sistemas operacionais” na história da humanidade e assim como o capitalismo que é uma invenção do homem, o próximo sistema também o será.

 

Voltando alguns parágrafos atrás podemos concluir que as culturas verde e do consumo não se enfrentam frontalmente porque a cultura verde teria de negar o capitalismo para fazer este enfrentamento, e uma sociedade “rodando” sobre o capitalismo simplesmente iria reagir contra o confronto. Ou seja, não enfrentamos o capitalismo e a cultura do consumo que devoram o planeta porque simplesmente não conseguimos achar alternativas para o primeiro e nem nos entender sentindo prazer sem o segundo, esta é a pura verdade. Será necessário um profundo pensar “fora da caixa” para achar uma solução para este paradoxo.

 

No livro The End of Money and The Future of Civilization, Thomas Greco fala que qualquer crescimento exponencial é insustentável, e cita que três crescimento exponenciais na atualidade: O nível de CO2 na atmosfera, a população humana e o endividamento. Todos os três nos levam à um sistema em crise, o crescimento do nível de CO2 na atmosfera intensifica o aquecimento global e é uma das forças chamadas de ameaças artificiais, o crescimento da população humana também se enquadra nesta força pois nossa tecnologia afastou de nós nosso inimigos naturais, e segundo estudos o planeta só suporta o dobro da população atual. O endividamento deu seu primeiro sinal na crise recente, e colocou a eficiência do sistema na roda de discussão e o capitalismo em cheque. O colapso anunciado dos três sistemas será bom para o planeta e ruim para a humanidade.

 

História das coisas6 é um projeto que tem por objetivo mostrar que o sistema capitalista esta em crise e que é preciso mudar muita coisa, alias foi este projeto que me motivou escrever este artigo. No video do projeto7 a autora ressalta alguns fatos preocupantes: Somente nas três últimas décadas foram consumidos 33% dos recursos naturais existentes no planeta; Para cada saco de lixo que dispensamos, outros 70 foram dispensados no processo de fabricação; Os EUA com 5% das população mundial consomem 30% dos recursos naturais extraídos.

 

O cenário não é nada favorável, e ainda temos de acrescentar as forças de ameaças naturais e artificiais na equação, uma tempestade solar anunciada promete dizimar todo tipo de equipamento eletrônico8, isto é um exemplo de interação das ameaças naturais no espaço do artificial. A interação das forças nos espaços naturais e artificiais pode configurar novas forças e novos cenários, é importante pararmos para analisar isto.

 

É importante repensarmos novos valores, para muitos será impossível pensar num mundo sem a cultura do consumo, mas para a sociedade conectada isto pode ser bem mais fácil. Temos de pensar diferente, retornar os bens duráveis, dizimar a cultura do consumo. Temos ai a rede Metareciclagem que tem por proposta a desconstrução da tecnologia para a transformação social, dando novas funcionalidades a hardwares descartados. A cultura livre é um ótimo exemplo de pensar diferente, a ideia de compartilhar e remixar é o caminho para um novo modelo de economia sustentável, e eu acredito muito que este novo modelo surgirá com força no Brasil.

 

Notas:

1 - Sustentabilidade Insustentável - http://www.trezentos.blog.br/?p=120

2 - As cinco forças de Porter - http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_for%C3%A7as_de_Porter

3 - Victor Lebow - http://en.wikipedia.org/wiki/Victor_Lebow

4 - http://www.swissinfo.ch/por/specials/crise_financeira/Governos_gastam_quase_US$_10_trilhoes_com_a_crise.html?cid=846172

5 - http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/436/artigo123597-2.htm

6 - http://storyofstuff.org/

7 - http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E

8 - http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/astronomia-nasa-pesquisa-cientifica-tempestade-solar-superinteressante-584813.shtml

 

João Carlos Caribé é publicitário e ciberativista, é um feroz combatente do AI5digital sendo um dos idealizadores do movimento Mega Não, e esta trilhando para se tornar um novo modelo de publicitário, o “despublicitário” que usa todo seu know how para desconstruir a cultura do consumo.

1Sustentabilidade Insustentável - http://www.trezentos.blog.br/?p=120

4http://www.swissinfo.ch/por/specials/crise_financeira/Governos_gastam_quase_US$_10_trilhoes_com_a_crise.html?cid=846172

5http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/436/artigo123597-2.htm

6http://storyofstuff.org/

7http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E

8http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/astronomia-nasa-pesquisa-cientifica-tempestade-solar-superinteressante-584813.shtml

 

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